Título: Própolis e ácido cafeico promovem reparo tecidual pulmonar após enfisema induzido por fumaça de cigarro
Aluno(a): Marina Valente Barroso
Orientador(es): Prof. Samuel dos Santos Valenca
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A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença progressiva e incurável. Sua principal causa é a inalação de fumaça de cigarro (do inglês, cigarette smoke - CS). Produtos naturais têm mostrado propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes que podem prevenir a inflamação pulmonar aguda e também o enfisema, mas existem ainda poucos estudos na literatura com relação ao tratamento do enfisema já estabelecido. A hipótese deste estudo é que o própolis e o seu principal ativo (ácido cafeico) podem potencialmente reparar o dano pulmonar no enfisema causado pela fumaça de cigarro. Para isso, camundongos foram expostos à fumaça de cigarro por 60 dias, e nos 60 dias subsequentes foram tratados ou por via oral com própolis ou via inalatória com o ácido cafeico nebulizado em diferentes doses (0,2 mg, 1 mg e 5 mg). Análises histológicas mostraram significativa melhora na histoarquitetura pulmonar, com recuperação de septos alveolares e componentes da matriz como fibras elásticas e colágenas nos grupos tratados com própolis e com a maior dose de ácido cafeico (5 mg). O tratamento com própolis aumentou a expressão da metaloprotease MMP-2 e diminuiu a expressão da MMP-12, favorecendo o processo de reparo tecidual. Além disso, o tratamento com própolis recrutou leucócitos, principalmente macrófagos, mas sem a liberação de espécies reativas de oxigênio (ROS), levando à ativação alternativa desses macrófagos, que se tornaram positivos para arginase, além de aumentar os níveis de IL-10, favorecendo um micro-ambiente anti-inflamatório. O tratamento com ácido cafeico também mostrou ação anti-inflamatória quando diminuiu o dano oxidativo medido pelos níveis de MDA, e também diminuiu os níveis de IL-8. Investigando a participação da via do Nrf2 no reparo tecidual, foi observado que o própolis não ativou essa via, na verdade diminuindo a translocação desse fator para o núcleo, e consequentemente a expressão de enzimas relacionadas, exceto NQO1, que parece ser ativada por via alternativa. Própolis também regulou negativamente a expressão do fator de crescimento IGF1, assim como o tratamento com ácido cafeico regulou negativamente a expressão de β-catenina e Wnt3, todos participantes de processos de reparo tecidual. Assim sendo, o própolis promoveu reparo tecidual no modelo de enfisema murino aumentando o percentual de macrófagos M2 em paralelo com a regulação negativa da expressão de IGF1 de uma maneira independente de Nrf2. O ácido cafeico também promoveu recuperação do parênquima pulmonar e componentes de matriz com ação anti-inflamatória e regulando negativamente a via de Wnt/β-catenina.
Palavras-chave: enfisema; própolis; ácido cafeico; reparo tecidual; pulmão; Nrf2.
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Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) is an incurable and progressive disease. The main cause of this condition is cigarette smoke (CS). Natural products have shown anti-inflammatory and antioxidant properties that can prevent acute lung injury and emphysema, but there are few reports in the literature regarding treatments to already established-emphysema. The hypothesis of this study is that propolis and its main active (caffeic acid), could potentially repair lung damage in emphysema caused by CS exposure. Mice were exposed to 60 days of CS, and after that, they were treated orally with propolis or nebulized with caffeic acid in different doses (0,2 mg, 1 mg and 5 mg) for additional 60 days. Histological analysis revealed significant improvements in lung histoarchitecture, with recovey of alveolar septa and matrix components such as elastic and collagen fibers in groups treated with propolis and with the highest dose of caffeic acid (5 mg). Propolis treatment increased MMP-2 expression and decreased MMP-12 expression, favoring the process of tissue repair. Additionally, propolis recruited leukocytes, mainly macrophages, but without ROS release, leading to macrophage alternative activation, which became arginase-positive cells, besides increasing IL-10 levels, favoring an anti-inflamatory microenvironment. Treatment with caffeic acid also showed an anti-inflammatory action, decreasing oxidative damage measured by MDA levels, and IL-8 levels. The participation of Nrf2 pathway in tissue repair was investigated, and treatment with propolis did not activate this pathway, actually decreasing Nrf2 translocation to the nucleus, and consequently, the expression of all enzymes related to Nrf2 pathway, except for NQO1, which seemed to be activated by an alternative pathway. Propolis also downregulated IGF1 expression, as well as caffeic acid treatment donwregulated β-catenin and Wnt3 expression, all participants of tissue repair processes. Therefore, propolis treatment promoted lung repair in a mouse emphysema model increasing the percentage of M2 macrophages in parallel to the downregulation of IGF1 expression in a Nrf2-independent manner. Caffeic acid treatment also promoted parenchyma matrix components recovery, with anti-inflammatory action and downregulating Wnt/β-catenin pathway.
Key words: emphysema; propolis; caffeic acid; tissue repair; lung; Nrf2